Retração gengival e hipersensibilidade dentária

Publicado em 18/12/2017

 
Recessão gengival

 

A gengiva retraída é um aspecto evidente da saúde dos tecidos orais que não passa despercebida ao paciente.  Pelo contrário, é frequente recebermos contactos com pedidos de marcação de consultas para compreender e resolver este problema, especialmente quando a recessão gengival é acompanhada por um aumento incomodo da sensibilidade dentária, e é algo que acontece com frequência.

A recessão gengival é, em termos técnicos, a migração apical da gengiva em relação à junção esmalte-raiz de um dente.  É a junção esmalte-cimento que determina o limite entre a coroa e a raiz do dente. 

Por vezes verificamos que com exposições mínimas desta região existe uma hipersensibilidade dentária aguda e com grandes exposições de raízes devido a recessões maiores, tal sensibilidade não está presente. Por quê?

Dos três tecidos "principais" que compõem o dente - o esmalte, o cimento e a dentina - apenas o último é sensível porque, no seu interior, os vasos e as terminações nervosas da polpa  - ou do "nervo" - atravessam-na pelos milhões de micro-túbulos dentinários. Estes micro-canalículos abrem-se na superfície externa do dente, mas aqui, as outras duas camadas de tecidos duros isolam e impedem a abertura direta do canalículo com seus conteúdos ao ambiente oral. Isto é, o esmalte cobre a dentina ao nível da coroa e o cimento cobre-a no nível da raiz.

No entanto, por vezes a nível cervical não existe nem o esmalte nem o cimento a cobrir a dentina e, portanto, a sensibilidade que possa surgir nesta área por contacto direto - escovagem dentária - e com estímulos térmicos - bebidas ou alimentos frios - os túbulos da dentina são expostos ao ambiente externo, o que permite irritar as terminações nervosas da polpa contidas nos túbulos dentinários.

Por outras palavras, a extensão da perda de tecido gengival não é relevante para a sensibilidade da raiz exposta quando a verdadeira causa da dor é a exposição direta ao ambiente oral da dentina, mesmo que seja uma área muito pequena.

Existem tratamentos específicos de dessensibilização que permitem a selagem dos canalículos expostos, reduzindo ou eliminando os sintomas dolorosos. Estes são os tratamentos de escolha quando não existe uma recessão que comprometa a aparência estética do dente. 

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Por que a gengiva sofre retração?

Os pacientes que sofrem de hipersensibilidade dentária são frequentemente pacientes jovens com excelente higiene oral, sem sinais de patologia gengival e, nesses casos, a gengiva que retraiu é resultado de um trauma como por exemplo uma escovagem incorreta que provoca danos diretos ao tecido gengival, bem como aos tecidos duras dentários (abrasões cervicais).

Em contraste a placa bacteriana, na doença periodontal, desempenha um papel fundamental na origem de recessões gengivais. A inflamação induzida por bactérias causa a destruição de tecidos periodontais, que se manifesta clinicamente com a aparência de uma recessão gengival. A espessura dos tecidos gengivais ao redor do dente afeta o resultado clínico deste processo inflamatório: no biótipo fino, o processo inflamatório destrói toda a espessura do tecido conjuntivo com consequente movimento apical da margem gengival e a surgimento da recessão.

Outras causas etiológicas da perda de gengiva são atribuídas a:

  •  factores iatrogênicos: próteses fixas mal adaptadas, erros na execução de uma prótese removível, restaurações cervicais com margens transbordantes, bandas ortodônticas mal colocadas, entre outras. Todas estas causas podem favorecer o acúmulo de placa bacteriana que irá determinar o dano inflamatório;
  • Outro factor determinante no surgimento das recessões gengivais é o trauma gengival repetido devido a piercings labiais e linguais;                               
  • A má oclusão dentária favorece também a formação de recessão das gengivas. Típico, por exemplo, é a recessão gengival num canino numa posição vestibularizada onde esta posição envolve a presença de uma cortical óssea fina cuja uma deiscência leva à recessão progressiva da gengiva que a cobre;
  • Anormalidades anatômicas , como a presença de freios vestibulares, inserções musculares robustas podem ser tantas causas do aparecimento de recessões gengivais, especialmente na região dos incisivos inferiores;
  • Os movimentos ortodônticos pode favorecer o aparecimento de recessões gengivais nos casos em que já existe um osso cortical vestibular fina que podem experimentar uma reabsorção fácil durante o tratamento.

Terapias e tratamento das recessões gengivais

Uma vez que a recessão gengival não é, por si só, um fator de risco para a doença periodontal, mas pode ser uma consequência, a decisão de tratamento é, na maioria dos casos, cosmética.

Hoje, a importância das técnicas de cirúrgia de recobrimento radicular para o tratamento da hipersensibilidade cervical ou para a prevenção da cárie radicular, bem como dos problemas estéticos associados a este problema aumentou consideravelmente devido à disponibilidade evidência ciêntifica que comprova as taxas de sucesso deste tratamento.

Cirurgia muco-gengival
Os critérios gerais que condicionam a escolha e implementação de um tratamento cirúrgico das recessões gengivais estão estritamente relacionados à presença ou ausência de uma quantidade adequada de gengiva aderente na recessão próxima. A escolha da opção cirúrgica deve proporcionar o menor trauma possível ao paciente, garantindo um bom sucesso clínico.

Nesse sentido, a primeira escolha será sempre mobilizar a gengiva destinada a cobrir a raiz exposta, de áreas adjacentes à própria recessão. A avaliação cuidadosa dos parâmetros clínicos periodontais e o estudo cuidadoso da morfologia gengival do paciente permitirão escolher, em conjunto com informações baseadas em evidências científicas, a técnica cirúrgica mais apropriada no campo de cirurgia plástica muco-gengival.       

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